quarta-feira, outubro 13, 2010

E...


Romeu acordou renovado, aquele amor adulto tinha-o encontrado e Romeu, desta feita, não tinha virado costas, respondido mal, ser sarcástico ou sequer, olhar com humor corrosivo.

Romeu, abriu os olhos e sorriu, apenas isso, sorriu. Abriu bem os olhos, viu para além dos raios da manhã, das "ramelas" nocturnas e da já conhecida miopia.

Romeu sorriu.

A idade adulta tinha-o apanhado. Quase de surpresa não fosse Romeu estar tão preparado e carente pela espera.

O amor também.

Romeu só não sabia o que dizer para além de ter o sorriso, que agora raiava o tolo.

Romeu estava tolo de sorrir. Deu-se conta que só os tolos se riem, porque de facto, só quando dizemos coisas verdadeiramente tolas é que rimos.

Romeu ria e não conseguia parar de o fazer. Incorria no sério risco de ser mal interpretado.

Colocou o seu ar mais composto de seriedade... e ainda assim, como uma flor que esperou toda uma Primavera para florir, o sorriso de Romeu despontou em crescendo como se uma opereta Mozartiana se trata-se...

E riu... e riu...

Já estava com os abdominais em pleno esforço quando lhe ocorreu o seguinte pensamento:

E rir é mau?

quarta-feira, outubro 06, 2010

Espanto


Romeu já é Romeu...

Há nele um espanto.

Ela beijo-o e Romeu ficou-se pelo espanto. Espanto quase pueril, inocente e tão surpreso como se aquele fosse o seu primeiro...

Recuou pelo menos dois passos. Abriu os olhos. Ela segurou-lhe as mãos delicadamente. Romeu já não era Romeu mais parecia uma Madalena de tanto surpreso e virginal que estava perante a concretização do beijo esperado.

Nessa noite não ficou. Na seguinte também não.
Romeu apanhou o primeiro Rocinante que se apresentou por boleia e rumou ao desespero do castelo solitário.

Chegado lá sentiu-se admiravelmente bem. Seguro. Protegido.

Chorou.

Muito. Mesmo.

Julgava que estava a trair um sentimento que já só existia nele. Uma pessoa que só existia no seu pensamento.

Limpou as lágrimas e de forma fria pensou: e agora? O que faço?

Romeu já não era Romeu. Era um Orlando de Wolf em plena transmutação sexual... Romeu estava com medo daquilo que se apresentava, da tempestade conhecida, da bonança falsificada...

Romeu, que tinha descoberto fazia tão pouco tempo a pacificação da liberdade, via-se de novo enredado numa teia que se antevia de pseudo-amor e tolas promessas...
Romeu queria continuar a ser Romeu e quando se olhava no espelho só via Belas Adormecidas, Cinderelas e mulheres quejandas...

Romeu ainda gritou pelo seu fiel amigo Mercurio... Não obteve resposta.

Romeu quer ser Romeu.

Mas...

Romeu será ainda, Romeu?

sexta-feira, outubro 01, 2010

Par...ir...


Com força, agora.
Respira.

De novo.

Respira, agora compassadamente.

Um pouco mais.

Está quase.
Chegou.

A mãe chora, o filho do seu ventre sente-se desconfortável, com frio, ansiando o calor dos braços da sua mãe, o pai olha-o com espanto.

Parir um filho dá trabalho.

Criá-lo dá mais.

O amor é assim mesmo: dificil de parir, choroso, esperançoso pelo fim do frio e a chegada da quentura e claro... espantoso.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Mundo


O Romeu quer ser mundo.

Já correu Mundo.
Já falou Mundo.
Já conheceu Mundo.
Já viu Mundo.
Já sentiu Mundo.

Ultimamente Mundo tem vindo até si: segreda-lhe ao ouvido, toca-o de mansinho, sorri, vai com ele até à praia, deleita-se no sol, encosta-se a si enquanto lê, beija-o quando acorda, abraça-o durante o sono inquieto da noite... ... ...

O Romeu sente-se perdido.

Quer dar-se a este Mundo. Quer acreditar no seu coração.

Mas o seu pensamento dita-lhe a já conhecida oração de Judas:

Não te entregues a quem te dá Mundo, porque o mais certo é quando partir, levar Mundo consigo.

O Romeu encolhe-se de novo, para a sua pacata e discreta concha, sabe que aquele não é Mundo mas, ao menos não lhe pode ser roubado.

O Romeu tem passado nestes dias de sol, verdadeiros tormentos chuvosos.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Mental


A prática profissonal de Romeu tem a ver com a doença e a deficiência mentais. Para manter os palacetes de família teve de ser... A esgrima já não era também, entretém suficiente...

Há algo de interessante na doença mental: a forma como surge, a sua causalidade, a alteração comportamental, a localização cerebral,o grau de gravidade, se apenas sofre de uma ou mais doenças mentais... ... ... por fim, o mais interessante: como se cura uma doença mental?

É na cura que se centra a maior dificuldade deste tipo de doenças. É na cura que muitos de profissão igual perdem a esperança. É na cura que se perdem muitos utentes. Mas é também na cura que reside a maior fonte de "preenchimento profissional".

O Romeu escolheu esta área por mero acaso mas, manteve-a por opção. Achou, bem depois de terminada a formação que era uma área de constante estudo e isso, deixa-o em puro êxtase. Saber que nunca sabe nada e que para saber alguma coisa terá sempre de ler e ler e ler ainda mais é uma tarefa tão sublime como se todos os dias fossem dias mesmo novos. Sem repetição. Sem inércia. Sem enfado.

Durante anos foi feliz na sua profissão que, diga-se desempenhava com a mesma felicidade e frescura como se de um garoto se tratasse ao ver, pela primeira vez ,o mar. As situações mais inusitadas acabavam por fazer com esboça-se um sorriso a cada passo dado com um seu utente. É que sabem não era no fundo, um passo do utente, era um passo do utente com Romeu e isso, dava-lhe a sensação de dever cumprido todos mas mesmo todos os dias.

Romeu portanto, já foi bom, em alguma coisa. Já foi uma pessoa. Uma pessoa que acreditava num futuro melhor. Um futuro bom.

Agora essa tarefa de acreditar torna-se, a cada dia, um esforço mais brutal e complicado e inglório e enfadonho e triste e infeliz e cansativo e... e... e...

domingo, setembro 19, 2010

deus...


O Romeu, quando era novo era um pequeno deísta...

Mais velho, começou a achar que a Julieta era o seu deus...

Nenhum destes pensamentos se revelou como certo.

O Romeu sente-se sempre como um garoto a olhar um majestoso pedestal: qualidades majestosas, possibilidades infinitas...

O universo está, naqueles braços que segura ternamente durante a noite, no olhar carinhoso com que olha a pessoa amada...

Rilke, afirmou um dia, numa das suas cartas, que a única forma de se manter um casamento seria sempre pelo movimento de separação-reconciliação.

Romeu adora ler Rilke e acha-o um verdadeiro escritor... Não concorda, porém, com esta afirmação do seu escriba tão admirado.

O Romeu só quer mesmo é não se separar ainda que compreenda que por vezes, nessa ânsia de não-separação acabe por ser mal interpretado e muitas vezes a separação se torne implacavelmente desejada.

Por vezes, Romeu, só desejava não ter constantemente as lágrimas nos olhos.
Não ter de se separar.
Não ter de perder parte de si, todo o outro.
Ver as rugas na cara do outro surgirem.
Adivinhar-lhe os cabelos brancos...

De poder dizer: estivemos uma vida inteira juntos e teremos outra para ficar perto um do outro.

sábado, setembro 18, 2010

A tarefa...


Depois de muito ponderar, Romeu chegou à conclusão que é tarefa mais difícil aprender a deixar de amar alguém do que aprender a amá-lo...

Não chega contudo, à conclusão de como é que tão facilmente deixam de o amar.

Deixa-o mais perplexo ainda o facto de o tempo para si ser sempre uma medida mais alargada do que para os outros.

O Romeu está mesmo "a leste do paraíso" e isto literalmente. Mais parece que os outros na sua velocidade estonteante para "passar para outra", para esquecerem, para culparem sem serem culpados... esqueceram que também amaram, ou pelo menos assim o disseram.

O interessante notar é que estas pessoas são de facto felizes: o Carnaval veneziano nesses "países" existe e é uma constante. Regem-se pela máxima: não me dá prazer, então não quero. E pensava o Romeu que era um arlequim...

No fundo o Romeu não passa de um palhaço rico... e claro, como o próprio palhaço rico do circo: gozado, pelos palhaços pobres que com ele se cruzam.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Actividade


Estava um dia belo: uma atmosfera quente e húmida... o tal quente angolano -ou seria o Ete indien de Dassin? A verdade é que Romeu nunca o tinha presenciado, um ou o outro, mas depois de tantas vezes o escutar nas palavras de Julieta, já o tinha "apreendido" na sua memoria com tal pormenor que julgava poder senti-lo.

Nesse dia, nesse fim de tarde tirava fotos ao acaso, do acaso... de rostos marcados, de um tronco de árvore com uma particularidade, de uma pedra com contornos incomuns, de uma cidade que fervilhava vida... A vida tem sido gentil para Romeu nestes dias: deixa-o em paz, com paz.

Sente falta de Julieta durante o dia:
- Como estás?
- O que tens feito?
Sinto saudades do teu cheiro...
- Por aqui está a mesma loucura...
- Quero chegar a casa, aos teus braços...
- O cão? Os gatos?

Pela noite fora:
- Conta lá...
- Tens de ter paciência.
- O jantar gostas?
- E amanhã o que há para fazer?
- E queres boleia?
- E então o sentiste?
- Vem para a cama, deixa o computador.

Abraça-a antes de sentir o corpo desmaiar, murmura-lhe ao ouvido as últimas palavras do dia: beijo-te. muito. muito. mesmo.
Abraçou-se, como se se reconforta-se ao relembrar aquelas palavras, a quentura daquele corpo, o cheiro... claro.

A ideia voltou a percorrer-lhe o coração uma e outra vez. Distraiu-se com algo, não sabe o que foi.

Um seu amigo acabou de combinar com ele um café. Queria falar de amor, da sua namorada, do filho que estava para nascer, da sua ida para o estrangeiro... A paz iria ser quebrada... uma hora ou duas... depois estaria como queria: só com os seus segredos, pensamentos, livros, musica e com o seu sentimentalismo tolo!

Estava tão, tão cansado...

Depois de muito o ouvir acerca de considerações desnecessárias acerca do amor, Romeu resolveu terminar a conversa dizendo apenas:

A felicidade não é algo para ser almejado. É um derivado da actividade que se almeja.

E nessa noite não dormiu um único segundo...

quinta-feira, setembro 16, 2010

Dicotomia



O Romeu tem longo histórico, comprovado, analisado e público de diversas idiossincrassias.

Durante anos a fio nem ele soube que padecia de tal problema.

Os médicos fizeram-lhe um sem numero de exames.
Os psicólogos acharam por bem que realiza-se diversos testes, até projectivos.

Os sociólogos debatiam a possibilidade de algum problema cultural.

Os arqueólogos pensaram num povo que tivesse na sua história, estória semelhante.

Os politólogos achavam que era uma facção anárquica desconhecida.

Os advogados aventaram a hipótese de ser crime.

Os matemáticos inventaram formulas e equações para chegarem a algum tipo de conclusão.

Os físicos perderam-se na química.

Os linguistas estudaram e procuraram nas línguas mortas textos alusivos.

Os filósofos arregalavam os olhos com a possibilidade iminente e ilimitada de discussão acerca do assunto.

Fizeram-se tratados, monografias, estudos, textos, peças televisivas e até teatro...

Enfim, toda uma multidão académica e não académica debruçou-se sobre Romeu tentando compreende-lo.

O seu temperamento peculiar que a nenhum outro homem se assemelhava.

A sua fisionomia estranhamente grega e que nada tinha a ver com o Homem de Vitruvio de Da Vinci, a realidade de todos os outros homens.

O seu pensamento lógico.

A sua hipersensibilidade.

As mulheres que por ele passavam e, ao invés de o estranharem rejubilavam em sua presença.

Tudo isto era uma incógnita, não se sabia como, nem porquê, nem onde...

Romeu era uma incógnita física-psicólogica. Um mistério filosófico. Um problema... matemático sem resolução à vista... o primeiro... o único.


Afinal, era verdade -pensou Romeu- também ele surpreendido: Sou mesmo do OUTRO mundo!

segunda-feira, setembro 13, 2010

Se fosse...


Toda acção da nossa vida tem apenas 2 intenções:
- Para nos fazer felizes...
- Ou infelizes.

Assim sendo, as acções de Romeu têm como principio torná-lo feliz...
Como fim, têm sido umas acções, especialmente infelizes.

Se o Romeu, sabe disso acerca de si... o outro saberá o mesmo acerca dele?

quarta-feira, setembro 08, 2010

... Assim


Amo-te assim...

Amo-te furiosamente.
Amo-te quando ris,
quando choras.
Amo-te quando o coração pára ,
quando bate descompassadamente.

Amo-te visceralmente.
Amo-te quando partes,
quando chegas.
Amo-te quando me abraças,
quando negas o beijo.

Amo-te brutalmente.
Amo-te quando ocultas,
quando falas verdade.
Amo-te quando fazemos sexo,
quando trocamos amor.

Amo-te excessivamente.
Amo-te quando és infantil,
quando és mulher.
Amo-te quando verifico as tuas falhas,
quando revelas as tuas qualidades.

Amo-te extraordinariamente.
Amo-te quando és tudo,
quando és nada.
Amo-te quando és profunda,
quando és banal.

Amo-te assim:
não sei se bem, se mal...
se da melhor forma ou pior...
não entendo se mais ou menos...
se como os outros ou diferente deles...

Amo-te e pronto.
Não me interessa nem bem, nem melhor, nem mais, nem igual...
Não me importa se mal, ou pior, ou menos ou diferente.
Amo-te e é o bastante.
Se tal não é, então tu é que não amas nem amaste, nem sabes nem queres saber, nem importa, nem quero descobrir.
.
.
.
Autoria de foto e poema: Ana Mamede

segunda-feira, setembro 06, 2010

Transmutação


O Romeu não é um rapaz particularmente inteligente ou culto ou capaz ou sequer, esperto.

Mas faz tempo que aprendeu uma das maiores lições que alguém pode dar a outro:
Na vida nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma!

Na vida de Romeu têm é sucedido grandes e brutais transformações.

O Romeu é um homem moderno, por isso, quando estas transformações sucedem na sua vida mais intima: ele estranha mas depois entranha.

Com os computadores foi assim. O Romeu não gosta deles mas tem consciência de que são uma mais valia nos tempos modernos "à la Chaplin" e aprendeu a tirar vantagem deles.

Com o cinismo foi assim. O Romeu não gosta, não aprova, não realiza a acção mas entendeu que, em algumas situações ele é necessário para evitar dores de cabeça desnecessárias.

Ou seja, com as coisas e as atitudes e até, as pessoas, o Romeu aprendeu a avaliar cada coisa no seu momento e a decidir o que fazer mediante a situação.

Verdade seja dita que esta majestosa ponderação nem sempre foi o semper forte de Romeu. Aliás Romeu é conhecido na história mais pelo seu "sangue na guelra" do que pela tal ponderação. Não é por acaso.

Portanto, o Romeu sabe que há transformação
Sabe também que a perda pode então, ser um ganho e vice-versa.
Ainda aprendeu que, independentemente das transformações, Romeu, só tem é de ser uno, sincero e transparente, consigo.

Romeu sabe que "o orgulho é tolice de criança" daí que já tenha perdoado e já tenha sido perdoado... por isso, já terminou amizades e amores e já voltou atrás quando verificava que havia errado na avaliação ou as pessoas haviam mudado.

Romeu por isso mesmo, está, na maioria das vezes em paz consigo.

Só tem uma brutal incapacidade: não perdoar quando vilipendiam cobardemente, pessoas que fizeram parte da vida de Romeu.

Romeu "aguenta" estoicamente o mal que podem dizer dele.
Não escuta, porém, o mal que podem proferir dos outros.

Da índole dos outros, Romeu, faz juízo próprio... a seu tempo, nos seus termos.

Romeu não é particularmente particular em nada mas nisto é... um pouco "picuínhas". Já vos disse que Romeu não é muito inteligente? Nem esperto? Nem muito? Nem nada?
Pois.

Sentimentos escritos



Lisboa, 14, Fevereiro, 2010 Domingo (por volta das 16:00)

Amor,

Sinto-te demoradamente longe. Terminantemente fria. Como se vivêssemos longe, muito longe um do outro, de nós próprios, do nosso amor. Do amor.

Lembro com a distância que me transtorna os batimentos cardíacos a primeira vez que te vi e que te olhei. Não quando nos conhecemos. Mas sim, quando eu te vi. Sei que me viste primeiro, não leves a mal a minha desatenção, nem a interpretes como descuido ou desprezo. A alma andava negra nesses dias e a visão toldada com uma espécie de lágrimas mal escolhidas e ainda mais infelizmente, vertidas.

Como eras triste e ficaste feliz de me conhecer. Como eras triste de me conhecer e eu não reconhecer o teu amor. Como fomos felizes quando, por fim, saí do mais profundo dos meus sonhos e acordei na mais pura das claridades. Tornaste-te mundo amor, e em nenhum momento repreendo o meu coração por não ter visto mais cedo a tua alma... Apenas o tornou mais puro para ter ver toda, para seres todo para mim.

Tenho-te em mim, numa forma sublime que gostava que se perpetuasse até ao fim dos teus dias. Mas o meu coração anda numa irrequietação que não reconheço quando atribuída a ti. Acorda-me a meio da noite, chora-me de mansinho ao ouvido quando faço tarefas banais, faz-me ler, vezes sem conta, as mesmas poesias, os mesmos poetas... anda desgraçadamente à procura de Al Berto quando, em tempos idos procurava Caeiro.

Não o entendo, mesmo quando estamos em silêncio. Alarga-se nele uma solidão que se está a transformar numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar o amor que ele, e eu reconhecemos e ambicionamos por ter de volta.

Examinamos os três, eu, o órgão de fogo e a alma, a fonte de onde jorrou outrora vida e amor e compreensão e pureza... é com a alma cansada e o coração pesado que verificámos que algures essa fonte secou. Numa forma de renúncia ao que sempre te quis dar. Numa revolta que entregas em noites claras e dias obscuros a outros...

E choramos, os três, por verificar que tudo amor, não foi mais do que um sonho que se queria/quer concretizar mas que se está a perder pela falta de dialogo, de partilha de receios mas também e talvez mais importante: por já não partilharmos o amor que nos viu no primeiro dia que te olhei.

Beijo-te. Muito. Como sempre.
Romeu.

sexta-feira, setembro 03, 2010

A carta que nunca te escrevi...


O Romeu sempre gostou de escrever. Prefere a escrita no papel do que a escrita em teclado, ainda que, uma ou outra nunca acompanhem a velocidade do seu pensamento...

Já escreveu muitas coisas: relatórios de actividades, balanços de projectos, anameneses, relatórios de exames, postais de natal, de parabéns, de casamento, de férias, já escreveu ensaios, elaborou monografias, escreveu Moleskines inteiras e diversas, escreveu apontamentos, ideias e sonhos, escreveu nos livros já escritos os sentimentos sentidos que ali ficaram descritos, escreveu recados e listas de compras, escreveu para amantes, mulher, família e amigos, escreveu para si, escreveu bem e, claro, escreveu mal... ... ...

Mas, todos os escritos foram entregues ou vistos, ou revistos, ou pelo menos, lidos...

Há uma carta que o Romeu guarda há meses que contudo, nunca foi entregue. Não foi por mal, nem por que se tivesse arrependido ou mesmo, porque achasse que não adiantaria nada...

Permanece, ainda hoje, o mistério da causalidade da vida que fez com que não entregasse essa carta... O Romeu, julga que, possivelmente, o mundo assim girou e a carta não se entregou.

A carta era dedicada à sua última Julieta, viviam juntos há coisa de um ano mas começava na altura a tal crise do ano de "casamento" e os problemas instalavam-se comodamente na relação como o bicho da madeira quando encontra bom pau do Brasil para deleitar o seu refinado apetite.

A relação tinha tido um começo difícil e turbulento, minado logo desde o inicio, por uma ex-relação desastrosa por parte do Romeu -mea culpa- e por uma questão de idades por parte da Julieta e dos amigos desta que achavam o Romeu, mais um "açambarcador" que queria tirar partido da inocente Julieta -non mea culpa.
Incrivelmente, e muito sinceramente, ao contrário da previsão de Romeu, os problemas tinham sido, um a um, obliterados da relação. Ou assim, pensava Romeu.

Romeu, não pode, ainda hoje, saber o que se passava na cabeça de Julieta ou quais seriam os seus verdadeiros sentimentos, por isso, não fará nenhuma consideração acerca do tema mas, conhece os seus.
Uma a uma, Romeu foi retirando as pedras do caminho da relação e, inclusive, da sua vida: deixou de se preocupar com a antiga relação, não ligava para o que as amigas de Julieta diziam de si, deixou de estar no seu palácio para fazer do palácio de Julieta sua casa, não fazia uma vida tão boémia como até ali, deixou (ainda a tempo) de beber tanto com os seus amigos boémios, passou a ouvir mais do que falar, preocupava-se com a saúde física e psicológica da sua Julieta que por vezes andava abatida e cansada, tomou como suas as dores das doenças dos familiares de Julieta... mudou... melhor, mudou e o que no inicio podia ter sido uma coisa negativa acabou por ser um prazer para Romeu.

Não compreendia porque certas pessoas tinham uma inveja desmesurada daquela relação...

E ficava mais perplexo, quando sabia das tais "manipulações de bastidores" que alguns perpetuavam para que a relação finda-se...
A verdade é que a dada altura e por muito e bom tempo, o Romeu não se preocupou com isso... pelo contrário: viajava alegremente na noção e certeza de que era com aquela Julieta que queria acabar os seus dias. Ideia que deixava alguns à "beira de um ataque de nervos" mas que, este Romeu-Almodovar acalentava e nutria: queria lá saber o que os outros pensavam.

Todo ele era luz. Toda a relação era luz. Toda a sua Julieta era luz.

Mesmo com nuvens, a miopia de Romeu, acentava de tal forma, que só via claridade.

E Julieta era MUNDO.

Gostava das tardes em que lia e Julieta se entretinha a navegar na net... navegavam portanto, em sítios diferentes mas, Romeu sempre julgou que no mesmo "mar", o tal da compreensão e fraternidade...

Soube tarde de mais que ele "navegava no mar Arábico" e a sua Julieta "navegaria no Mediterrâneo".
Não houve estreito que os ligasse.
Apenas viram o Mar Morto.

Depois disso, o Romeu ficou muitos e muitos meses sem escrever...

quinta-feira, setembro 02, 2010

Romantismo II - Conversas que podiam ter sido.


- Então estavas mesmo predisposto a ceder, vá lá, a tua juventude com esta ultima Julieta ao ponto de também cuidar, de lhe veres a veres cada vez mais longínqua de ti, de teres de vivenciar a inevitável dor da partida...

- Sim. Já falamos sobre o assunto e não me apetece repetir até porque não tenho nada a acrescentar.

- Então abdicavas, no fundo, de ti e do teu futuro em prol dessa Julieta? De uma Julieta que ainda por cima, está visto, quer é viver o clímax das relações, enquanto lhe interessa e está apaixonada? Tu não compreendeste desde logo que essa relação não era? Que...

O Romeu, exaltou-se e pediu-lhe para que se calasse.

Disse duas asneiras que fazia tempo que não dizia.

E foi tomar café.

O Romeu não compreendeu nada desde o inicio... Não compreendeu porque não pensou.
Sentiu.
E ainda hoje pode jurar que sentiu que a Julieta o amava. Ainda hoje pode jurar que sentiu que aceitava a Julieta com todas as suas particularidades e que a amava com a mesma intensidade.


Ainda hoje sentiu que sentia. E que isso, por si só, não pode ser coisa má!

O Romantismo I - Conversas que podiam ter sido.


O Romeu é um romântico... Não é ele que o diz, disseram -lhe agora mesmo: "Eh pá tu és mesmo um romântico!".

O Romeu ouviu aquela frase e ficou cheio de orgulho e felicidade. O problema foi que o seu amigo continuou a pequena dissertação acerca do tema.

O Romeu, é um romântico à moda antiga... logo aí, o Romeu franziu o sobrolho com receio do que se adivinhava nas palavras. "É. Tens uma noção de romantismo barroca... ou bacoca... quer dizer, ainda não decidi."

Em silêncio o Romeu começou a ficar preocupado e já não sabia se queria ouvir o resto.

"Repara: se para mim ser-se romântico tem a ver com as demonstrações mais impossíveis de dor... Tu és, certamente mestre!"

O Romeu ficou baralhado, e sinceramente, não entendeu se estariam a tercer-lhe um rasgado elogio ou, se pelo contrário, o estivessem a apelidar de masoquista... o diálogo começou:

- Dou-te um exemplo: se a tua Julieta de traísse, tu perdoavas?

- Hum... se me tivesses perguntado isso há 6 anos atrás, teria dito não! Agora, vivenciada a situação... Sim! Já perdoei.

- Mas entretanto não houve ninguém, por vingança...

- Não. Houve, mais tarde, depois disso, sem ser por vingança e numa ruptura... A situação por vingança não acaba por nos fazer mais mal que bem?

- Eh pá, isso não interessa para o assunto.

- Certo. Então não!

- Ora então és maluco!

- Então já não sou romântico?!

- Não, és só mesmo maluco!

- Então não devia perdoar?!

- Vá que perdoes. Vá que esqueças. Vá... mas não fazeres o mesmo?????

- Quando começamos a relação já sabia ao que ia... No continuar claro que não esperava esta situação e fiquei magoado mas, a dada altura colocamos a pergunta: então mas, amarei esta pessoa o suficiente para perdoar e acreditar que não o fará de novo, ou não?

- Então?

- E a resposta foi sim. Amava, aceitei, perdoei e, acreditei que não voltaria mesmo, a repetir a situação.

- Tu, para além de todos os problemas inerentes à pessoa e à relação que nessa altura, já tinha sido, de alguma forma, corrompida, ainda acreditaste nisso...

- Sim. Acreditei acima de tudo, que quando amamos, não podemos escolher amar só o que é bom... temos de amar o que é defeito. Eu tenho defeitos, alguns mudo, outros tento mudar mas, muitos, possivelmente, nunca vou mudar. A única vantagem, é que quando a pessoa me conhece esses defeitos já estam lá para os verem. Não consigo escondê-los, pelo menos não por muito tempo... Há pessoas que o escondem bem.

- Ou tu não os queres ver!

- Ou isso.

- Ou isso?

- Ou isso!

quarta-feira, setembro 01, 2010

Fotografia, Musica e Leitura...


É conhecido que Romeu sempre gostou de musica e leitura...
Procura incesantemente as novidades musicais que podem ir desde a clássica à musica alternativa e nos livros, desde os clássicos aos novos autores...

Romeu, no que diz respeito à cultura, não é esquisito... Pode depois é gostar mais de um tipo de leitura do que outro, de um forma mais harmoniosa musical do que de outra.
Descobriu, contudo, há relativamente pouco tempo o prazer da fotografia.

Durante anos surrupiava discretamente a máquina de rolo Leica da sua prima e, quando chegou a independência financeira a sua Ixus tornou-se a sua companheira de viagem, trocou-a por uma Fugifilm que ainda está a descobrir e percorre agora kilometros para conseguir aquele por-do-sol com que tinha sonhado na noite passada, a tal claridade solar no palácio onde há dois anos tinha estado... ... ...

Ontem, depois de findados os "deveres", partiu para mais um encontro consigo e com as imagens... Chegou a casa cansado e feliz com mais uma viagem nocturna em busca do "el dorado" fotográfico... Tomou o seu banho e olhou maravilhado para as tropelias da sua máquina. Consolou a sua máquina velhinha, tolamente falando-lhe de que "não a tinha abandonado, apenas tinha arranjado uma companhia para si" e, como o ambiente assim o pedia desencantou um dos cd´s do seu avô e deixou que o som bem alto dos seus auscultadores penetrassem vivamente nos seus ouvidos...

Tocava o concerto nº 1 de Brandenburg de Bach quando lhe apeteceu ler... Romeu, espera ávidamente por "Uma ideia na India" mas, como só chega na quinta, olhou para a biblioteca e lembrou o quanto gostava de Rilke, o quanto prazer teria em voltar a ler algumas das "Cartas..."... abriu o livro sem pensar...

Na parte que sublinhou faz tantos anos, estava escrito o seguinte: "(...) Não é somente a inércia a culpada pela repetição dos relacionamentos humanos, caso a caso, indescritivelmente, de forma monótona e sem renovação. É a timidez diante de novas e imprevisíveis experiências para as quais acreditamos não estar preparados. Mas somente alguém que está preparado para TUDO, que não exclui NADA, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo. (...)".

Releu aquele paragrafo umas duas ou três vezes, cada palavra, com Bach como sinfonia de fundo fazia com que se emociona-se... Verteu uma lágrima de alegria no preciso momento que começou o segundo Allegro... Pensou: Que bom não excluir nada... nem dores, nem idades, nem vícios, nem qualidades, nem doenças, nem mentalidades, nem crenças, nem banalidades... nem... nem...

Os dias são bons, quando chegamos ao fim de cada um e mais parece que ele recomeça ao invés de terminar...

terça-feira, agosto 31, 2010

Opened Heart...


"Só se tiveres o coração aberto poderás amar!"

O Romeu suspendeu, por segundos a respiração... Não compreendeu bem o que queria o seu amigo dizer com a frase. Não lhe perguntou mais detalhes mas, passada uma semana a mesma frase ocupava-lhe o pensamento...

Debruçou-se sobre o assunto ontem à noite.
Estava estranhamente em paz... sentia-se uno com o ambiente que sentia ali em plena serra de Sintra e o ambiente estava peculiarmente quente. As vozes, que se ouviam da mocidade inquieta, não o incomodavam, gostava daquela felicidade despreocupada que encontrava em cada rosto bronzeado, em cada palavra desacautelada.

Olhando o castelo lá no cimo, vieram-lhe à memoria tempos idos: sentimentos de amor eterno também ele, relaxado, de um sol calmante que percorria alegremente os jardins verdejantes e místicos criando sombras nas quais descansou e olhou para Julieta. Nesses dias Julieta parecia-lhe quase que mágica, imbuída de uma profunda e constante luz...

Era noite, no meio da escuridão a luz fez-se quando as seguintes palavras lhe sugiram naturalmente: Só se abandonar todos os receios e fantasmas poderei amar. Só se me amar e fizer respeitar é que que poderão amar.

Seriam quatro da manhã quando Romeu desceu até Colares e mais tarde, certamente, quando chegou às Azenhas do Mar... chegou com a certeza de que o caminho percorrido foi longo mas, haveria ainda muito mais para percorrer...

Hoje o cansaço parece-lhe pequeno, já nada o detém.

No meio da multidão...


É no meio da multidão que o Romeu se sente mais só.

É quando está só que Romeu se sente parte da espécie humana.

É quando se sente parte da espécie humana que Romeu se questiona.

É quando se questiona que Romeu chega à conclusão de que tudo é dual.

É quando é dual que Romeu repara no seu verdadeiro e nítido reflexo.

É quando vê as coisas assim: claras, que Romeu olha a multidão e vê as razões de tudo.

É quando isso acontece que Romeu deseja poder voltar atrás no tempo e dizer, mais uma vez: Amo-te.
Ainda te amo!
Pode ser isto o bastante?

segunda-feira, agosto 30, 2010

Férias


O Romeu esteve de férias...
Esse tempo foi sagrado.
O Romeu já foi muito feliz em certas férias mas, nos últimos anos as férias têm surgido mais como a "maldição da múmia" do que como a descoberta do túmulo de Tutankamon...

Aliás, o Romeu receava, e com razão, que mais uma vez estas férias fossem amaldiçoadas por um qualquer acontecimento que o ultrapassa-se... Assim, foi: primeiro a Julieta abandona o Romeu à sua sorte e depois, o Romeu, tem a morte do seu familiar mais querido...

Em desespero de causa o Romeu, decidiu, mesmo assim, ir de férias, obrigou-se e, garanto-vos, a tarefa não foi fácil...
Pela primeira vez na sua vida, foi sozinho e sentiu-se só...
Porém, a inicial angustia deu lugar a uma estranha forma de paz mal chegou ao seu destino...

É verdade que nos primeiros dois dias alguns amigos ainda o lembravam das dores: uns porque repetiam incessantemente as palavras de Julieta, outros porque lamentavam a sua perda familiar...

O Romeu, conseguiu, estranhamente, até para ele, abstrair-se da primeira situação pensando que não se deveria preocupar muito com o que os outros diziam ou pensavam...

Já não queria saber das mentiras contadas...
Não se interessava pelas manipulações de bastidores...

No fim de contas ele sabia que sempre haveria duas versões para uma mesma história e que se um dos lados já havia contado a sua, uma repetição de um "filme" apenas com outros factos, não deixava de ser uma repetição...

O Romeu já tinha "visto filmes" destes a mais. Aliás, mais do que aqueles que teria gostado ver...
Achou portanto, aquela parafernália circense desnecessária, sobretudo se, esse partilhar de intimidade fosse feito com "semi-desconhecidos"...

Ainda que sem expressar isso ao próximo sempre que com ele falavam por forma a não ser desagradável, teve pena da "fraqueza" de Julieta mas, não deixou de sentir uma certa complacência e compreensão na situação, pois se Julieta contou era porque precisava de o fazer. Se permitiu que "entrassem" na sua intimidade seria, porque não se incomodava com isso.

Não julguem por isso, que Romeu não se sentiu e ressentiu. Como gente que é, teve sentimentos contraditorios mas, pensou: as coisas só podem tomar conta de nós se deixarmos que elas entrem...

Muito francamente, o Romeu, já tem "acumulados seis anos nas suas costas" de sentimentos negativos, de falsas promessas, da tal falsidade humana e, crê, hoje, sinceramente, que tal também se deve a si: porque, a dada altura, mesmo que inconscientemente, deixou que os sentimentos negativos (e as pessoas) entrassem e, muitas vezes tomassem conta dele... Eu já vos disse que o Romeu é humano???? Pois... foi isso.

A única vantagem de Romeu é que tem tantas falhas que acaba por ter uma capacidade acrescida para compreender a dos outros... por isso, raramente guarda ressentimentos, poucas vezes é rancoroso e, à excepção de uma ou outra vez em que perdeu, literalmente, "a cabeça" é que foi vingativo.

No fim dos seus dias, o Romeu acha sempre que o que fazemos de mal, reverte -mais cedo ou mais tarde- para nós, portanto, o melhor é não sermos nem termos muitas acções negativas e/ou das quais nos venhamos a arrepender...

Quanto à segunda situação, o Romeu pensou de novo: em breve encontrarei, noutra dimensão existencial o meu avô. O seu caminho, agora, começou de outra maneira... portanto, é só uma questão de darmos tempo ao tempo...

Assim, estas férias forma um misto de paz e turbulência, felicidade e alguma tristeza latente... Mas e a vida não é sempre assim?

terça-feira, agosto 24, 2010

Acontece.


Por vezes o Romeu anda confuso, a constância da insatisfação do seu espírito inquisidor assim o leva à procura desenfreada dos livros, das musicas, da arte... é neles que se reencontra, é neles que se pacifica e, também é nestes objectos, aparentemente, sem importância que sossega a alma.

Certo dia, lendo Confúcio debruçou-se sobre um parágrafo: "O sábio teme o céu sereno; em compensação, quando vem a tempestade, ele caminha sobre as ondas e desafia o vento."

Releu aquela frase diversas vezes, não pode deixar de pensar: "Talvez esteja na hora de navegar ondas e aproveitar o vento ao invés, de estar em constante luta." O Romeu nunca foi de desistir mas, perguntou-se: "Para quê lutar por algo que mais ninguém quer e só tu é que vês?"

Nesse dia, não leu mais.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Assim é a morte...


O Romeu perdeu ontem a pessoa que mais amava da sua família... Este amor não tinha a ver com sangue, ou parentesco, com idade ou afinidadades mais banais.

O Romeu e o seu avô eram almas gémeas.

O seu amor não foi crescendo, quando Romeu nasceu, ele já lá estava à sua espera. E Romeu precisou apenas de o ver uma vez para o reconhecer...

Se Romeu ama virtuosamente, a ele o deve.
Se Romeu tem bons princípios, foi ele que lhos ensinou.
Se Romeu adora viver, com ele aprendeu.
Se Romeu não é pessoa de ressentimentos e outros sentimentos menos nobres, foi o seu avô que lhe lhos estendeu nas mesmas mãos com que, no dia anterior a falecer, lhe pediu um abraço e um beijo.

Romeu sente-se órfão, do seu "pai", companheiro, amigo... Neste dia, na sua família, uns choram, outros gritam, outros há que falam sozinhos...

Os últimos anos não se têm apresentado fáceis para Romeu mas, este ano tem sido, particularmente doloroso para si.

No meio da dor, só Romeu se encontra no canto, parado, sem verter lágrimas, sem dizer palavra... É que para esta situação o avô de Romeu não o preparou... Romeu sente-se perdido e não sabe o dizer, o que pensar, o que sentir...

Romeu, teve sempre a fantasiosa ideia de que este amor não morreria... Tinha razão... A sua única certeza é de que um dia, em breve, irá encontrar o seu avô...

A vida continua avô mas, para mim agora, é mais a contra-gosto...

quinta-feira, agosto 19, 2010

E assim vai a vida...


O Romeu durante diversas semanas ponderou a hipótese de confrontar, de pedir explicações, de exigir justificações... não por ser quezilento mas, apenas para poder compreender: porquê...

Ponderou a maturidade das suas questões...
Pensou nas diversas hipóteses de resposta do outro lado...
Considerou a probabilidade de sinceridade...
Avaliou os prós e os contras de tal confronto...
Meditou na importância de saber o porquê de alguém o expor daquela maneira...
Reflectiu nas consequências que as perguntas poderiam criar...

Afinal, a resolução do caso foi muito mais simples: nada como realmente, falar de banalidades e darmos a outra face... A seu tempo, ou não, o outro aperceber-se-à dos erros.

terça-feira, agosto 17, 2010

Já foi assim...


É sempre com redobrado prazer que o Romeu fala com os seus amigos. Por isso, foi com prazer que hoje falou com uma amiga que ajudou faz muito tempo... Esta amiga passou por maus momentos, e o Romeu, juntamente com o seu fiel companheiro Mercutio, estiveram ao seu lado no apoio incondicional... Depois ficaram muito tempo sem se falar... Graças à teimosia de Romeu, que sempre foi enviando "cartas" e missivas a amiga está de volta...

O Romeu é assim, quando gosta não desiste e quando desiste não gosta muito de si... A conversa de ontem deixou-o francamente feliz, por si mas, acima de tudo por saber que a sua amiga estava bem. Disse ela depois do banal fiz isto e aquilo:

"São só dores e isto não vai para melhor!"

"Então o que se passa?"

"É a P.D.I..."

"Deixa lá, eu com esta idade e já tenho reumático!"

"Sempre foste precoce!"

"Sim? Em quê? Parece-me que só nas coisas más!"

"Nã. Em tantas coisas boas... No saber o que querias... e o que não querias... Sempre me lembro da tua inteligência humorística mas, também lembro do teu rir a bom rir, sempre perspicaz na tua opinião e nas tuas ideias, amigo, presente... É essa a ideia que tenho de ti. É assim, que me lembro de ti. Gosto deste Romeu!"

"Hum... também gosto, mas já não existe."

"Existe pois, está apenas momentâneamente arrumado... mas virá, és isto, por isso o que foste até agora é que não eras tu... está na altura de esquecer quem não gosta de ti e de voltares a ser quem eras. É doloroso, pois é, mas como dizias tantas vezes: tudo passa, tudo acaba, tudo se transforma... Romeu, essa dor, esse Romeu fajuto, também há-de acabar!"

"És uma boa amiga... pelo menos sabes animar-me!"

"E isso, para uma amiga já não é mau pois não? Há tanta gente que só fica feliz quando estamos na mó de baixo!"

"Verdade!"

"Ah lembrei-me de outra coisa..."

"O quê?"

"Tu sempre foste amigo nas boas ocasiões mas excelente, nas más... porque sempre me querias ver bem! E aquilo que fazias de palhaçadas para me veres bem..."

"Sabes, é que uma pessoa de bem com a vida, chateia muito menos do que uma de mal com o mundo!"
"Vês?! Já me fizeste rir... e hoje tou cá com umas dores!!!!"

"Querida, tu e eu, tu e eu!"

segunda-feira, agosto 16, 2010

E depois?


O Romeu tem vasta família... como é conhecido a família não se dá com outras famílias rivais e, por vezes até dentro da própria família há rivalidades...

Há porém, um núcleo de pessoas, restricto, em quem o Romeu confia implicitamente... Um deles é o seu primito Michelangelo. Pequeno mas esperto como um alho.

Certo dia, vendo um mar despontar nos olhos de Romeu perguntou:
- Então Romeu, descascaste uma cebola?

Ao que Romeu respondeu com um nó na garganta:
- Sim.

Não convencido com a resposta o petiz replicou:
- Não. Diz lá de verdade.

Romeu olhou-o com o reconhecido carinho e disse-lhe:
- Estou triste!
- Porquê?
- Porque do outro lado de um outro mundo, acabou o amor.
- E depois quando o amor acaba o que vem depois?
- A raiva.
- E depois?
- A dor.
- E depois?
- A saudade.
- E depois?
- A tristeza.
- E depois?
- O que tiver de vir depois.

Aos 2.800

Aos 2.800 metros de passeio, Romeu parou.
Olhou, desceu as escadas, voltou a olhar. Julgou que estaria no sítio errado. Subiu de novo e afinal verificou que não, o local era o correcto.

O coração que o mar tinha esculpido desaparecera como se também a natureza, adivinha-se o fim de tal escultura.

Romeu quedou-se ali durante algum tempo... como o seu órgão de fogo, também ali as coisas se verificavam: o seu coração já tinha estado meio, e já tinha estado repleto, agora, como a escultura encontra-se partido, vazio, sem mar, nem sol, nem nada...
A praia permitiu que ali ficassem a descansar memorias... que ele gostava de voltar a viver mas que sabe que não voltam...

E assim foi, durante muito tempo...

sábado, agosto 14, 2010

Kumbh Mela


O Romeu sempre gostou de viajar. Nos últimos tempos as suas viagens têm sido tão frustradas como as suas férias... Vai daí o Romeu tem viajado, como pode: através dos livros e das histórias que cada povo conta... Uma das que o deixou particularmente curioso foi a Festa do Pote - em hindi: Kumbh Mela...

Reza, então, a história que há muito, muito tempo, deuses e demónios entraram num conflito pela disputa do pote que continha o néctar da imortalidade. No calor da refrega, diz-se, que quatro gotas desse elixir caíram sobre a Terra, mais propriamente nas cidades indianas de Allahabad, Haridwar, Nasik e Ujjain.

Evocando este episódio em cada 12 anos realiza-se a referida festa do Pote alternadamente em cada uma das 4 cidades onde tombaram o hidromel.

Cabe aos Naga Sadhus, ascetas ioguis, abrirem o Mela com os seus rituais de flores e de cinzas. este ano foi a vez de Haridwar - o Portão dos Deuses - na margem do rio Ganges.

De Romeu, o único néctar que verte, são as suas lágrimas mas, dessas não nasce nada.

O Romeu, espera mas não desespera, e por isso, daqui a 12 anos espera estar em Nasik, sem lágrimas, para que também ele através das cinzas e da ablução se faça um homem novo, lavado de pecados para seguir impoluto o eterno ciclo de nascimentos e reencarnações.

O Romeu espera...

sexta-feira, agosto 13, 2010

O verbo...


Amar é difícil. O Romeu sabe-o bem. Talvez por ser tão difícil, quando o amor acaba, ele nunca deixa de amar...

O cheiro do perfume do corpo da sua amante permanece por entre o seu corpo, na roupa depois de lavada, na cama há muito não partilhada... permanece.

O escutar de certas musicas, que mesmo no silêncio da noite teimam em tocar, depois de adormecer, quando começa a sonhar... permanecem.

O ver as mesmas imagens, mesmo de olhos fechados, já depois de não frequentar os mesmos sítios, mesmo quando já não vê sequer esses olhos... permanecem.

A sensação de toque de um corpo com quem já não partilha intimidade, ou toque ou carinho... permanece.

O gosto suave do beijo alegre, do roubado, do apaixonado, do louco, do traído, do mentido, do acre e do doce... permanece.

O Romeu, tentou, em vão, esquecer depressa quem não pode ser esquecido.

O Romeu, tentou em vão, esquecer que não era Romeu,
que era como outro qualquer pintor que não gosta da sua tela e a deita fora,
como outro qualquer compositor que não gosta da sua nova partitura e a rasga,
como outro qualquer perfumista que não conseguiu ainda o aroma que queria e desiste do perfume,
como outro qualquer escultor que erra o seu cinzel e parte a pedra mal colocando-a de lado...

como outro... qualquer... descobriu, rapidamente, que é como outro qualquer, tem é uma memoria fora do comum.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Há... de haver!


Quando o Romeu ama há uma felicidade em si que transborda, torna-o tolo, inconsequente, puto "charila", ciumento, desmesurado, bom, atento e, em tudo o que vê, mesmo na pessoa amada é sempre com uma sensação de que antes da escuridão há luz e depois, também!

O Romeu é inteligente: pensa muito com o coração! Que é o melhor órgão para avaliar e ser avaliado!

segunda-feira, agosto 09, 2010

Cansaço


O Romeu é de se queixar!

Mas, desta vez só queria mesmo que o deixassem em paz.

Valerá a pena questionar porquê?

Quem falhou?

De quem foi a culpa?

Como aconteceu?

O que foi feito do sentimento?

Choras muito?

Tens saudades?

Já viste o que disse?

Porque contou?

Porque ocultou?

E se tivesse feito diferente?

E se... porque... mas...

O Romeu, gostaria mesmo que o deixassem em paz. Merece!

Deixem que o sentimentos em si brotem e irrompam a alma mas, no sossego e no silêncio de si.

A relação é sua, os sentimentos também... os bons e os maus. Só seus!

domingo, agosto 08, 2010

Fez-se luz... numa espécie de lusco fusco esquizitoide...


O Romeu, a medo levantou a pedra de onde brotavam todos os seus receios, medos e temores... O que encontrou foi a confirmação da sua apreensão, mas nunca esperou que a pessoa que ele tão delicadamente tinha colocado num "altar de virtude" fosse afinal, também, brotar de baixo de uma pedra.

O inicial contentamento que Romeu teve após descobrir que tinha razão, deu, quase de imediato, lugar a uma estranha sensação de perfídia e desalento.

Afinal, aquela era apenas uma pessoa, tão comum como as outras... mentia, ocultava, falava nas costas, confessava segredos que não eram os seus... por debaixo do manto de generosidade escondia-se o animal que todos somos: o egoísta.

Romeu, sabia agora a verdade, mas preferia nunca ter a descoberto.

sexta-feira, agosto 06, 2010

O Romeu tem sentimentos


O Romeu, como a maioria dos comuns mortais tem sentimentos... Alguns deles são sentidos de forma tão avassaladora que entre ataques de pânico e de ansiedade a, pequenas explosões de choro, o Romeu sente, chora e desespera.

O Romeu por tanto sentir, já quase enlouqueceu. E para não enloquecer certo dia, ganhou gosto pelo vinho (tinto, de boa qualidade) e exagerou. Daí a exagerar diversas vezes foi um passo. O problema foi para deixar...

Como as coisas não acontecem por acaso, um dia o Romeu, que tinha, mais uma vez, sido largado por outra Julieta, conheceu um tipo. O Romeu andava de cabeça perdida e só pensava: "Bolas como é que isto me foi acontecer? Esta Julieta era para a vida! Andou tanto tempo atrás de mim, compreendia-me, sabia "de onde eu vinha", das minhas vicissitudes... Não tinha segredos... Com ela podia ser eu... Melhor, com ela podia a ser o que fui, antes do vinho, antes da loucura assentar arraiais no meu corpo... Podia ser mais, podia ser melhor!".

A Julieta, infelizmente, da mesma forma que o perseguiu para o conquistar, depressa deixou de se interessar e certo dia disse-lhe: "Já não tenho idade, nem paciência para esperar por ti e pelas tuas mudanças. Estou farta: de ti e da tua personalidade!"

O Romeu, encolheu-se, sentiu-se mal, muito mal, cheio de dores... Queria chorar e não conseguia. Agora que ele estava a mudar, agora que ele estava a entrar na rotina da sua Julieta, a compreender melhor os seus problemas, a fazer parte da sua vida... A Julieta que certo dia lhe disse que queria casar consigo, que queria ter filhos com ele... Agora que ele a amava, como ela o amou...

Num primeiro rasgo de idiotice -não há mesmo melhor descrição- o Romeu julgou que a melhor solução era afogar as lágrimas, literalmente... Correu os vários "botequins" que conhecia, em todos parava, olhava prolongadamente o taberneiro e no último segundo, pedia: "Um café!"

Essa noite não dormiu. As outras também não mas, nessa noite lembrou-se do tal tipo que tinha conhecido: Um tipo que não pertencia aos seus conhecimentos mas, pertencia à sua taberna. Um tipo que por diversas vezes lhe interrompeu a leitura apenas para levar um "Boa noite. Está tudo bem com o senhor?".

Um tipo que certa noite, apenas porque o Romeu o quis ouvir, lhe contou a sua história de vida... Resumindo: desempregado, mulher deixou-o, filho não via há mais de 3 anos, bebia que nem uma esponja, tinha uma cirrose... Teria de fazer, depois de vários quistos retirados sem sucesso, um transplante total...

O Romeu, que naquele dia até estava menos triste, compadeceu-se, olhou o homem e pela primeira vez, viu efectivamente o ser à sua frente... Compadeceu-se com a miséria, num acto muito seu perguntou se podia ajudar... O homem olhou-o, sorriu e disse: "Ouviu-me. Já ajudou." Veio a saber que mais tarde, ainda nesse mês, o homem faleceu...

Nessa noite, depois dessa conversa, após tantos cafés, o corpo do Romeu doia-lhe mas, não estava tão dorido quanto a sua alma.

Pensou: Não quero morrer só.
Mas também não posso sofrer nem maltratar-me por quem não me ama, nem espera por mim...

Nessa noite, depois de muito pedir: chorou. Verificou que tinha uma sorte tremenda: estava vivo! E quando se está vivo tudo é possível, a mudança é possível.

Nessa noite, o Romeu adormeceu apaziguado, sem fantasmas que perturbassem o seu sono, nem álcool que aleigeira-se a dor e o sono...

Nessa noite, o Romeu sonhou... Consigo, feliz.

quinta-feira, agosto 05, 2010

O Romeu e a paz...


O Romeu, sempre foi um romântico.
Forjado em ferro antigo, com molde negativo original.
Entregava-se, literalmente de corpo e alma.
Pensava: Se estou com ela, estou todo, completo.

Tal nunca lhe valeu mais do que os já conhecidos "5 minutos de fama" de que Warhol tanto falou, com a maioria das mulheres com quem partilhou vida...

Valeram-lhe ainda, muitas dores de cabeça... e chatices, e insónia...

É que o Romeu, criou um hábito terrível mesmo quando o amor "terminava" para os outros: O Romeu tinha o péssimo hábito de continuar a amar.

Amava acima de tudo o passado vivido com aquela pessoa. Aliás, os momentos felizes. Quase que instantâneamente as discussões, a infelicidade de alguns momentos, as palavras duras, o desprezo... estavam obliterados de tal forma da sua existência interna, que sempre que recordava o outro, inevitavelmente como se de um rio se trata-se correndo para o seu mar, Romeu sorria e sentia o seu pequeno coração encher-se de alegria.

Tinha de requisitar os préstimos pragmáticos de alguns dos seus amigos por forma a que estes o lembrassem da realidade:
"Oh rapaz então e aquilo que ela te disse?" diziam uns.
"Oh homem mas porque raio gostas tu de quem não gosta já de ti?" diriam outros.

Com algum pesar mas, consciente da dureza dos outros corações que efectivamente o tinham deixado para trás como se de um velho vaso se tratasse, o Romeu, algo frequente, vertia uma lágrima ou outra e o seu coração ficava pequenino, cheio de pena de si próprio, repleto, agora, de incompreensão pelo sucedido.

Sabia que os amigos tinham razão.

Sabia também, que quando amava era uma pessoa muito melhor.

Romeu, estava em constante dicotomia interna.

Não abdicava de amar mas, nestes casos, como amar?

domingo, junho 27, 2010

E é mesmo...


Tempos houve em que Romeu teve medo de olhar para certas alturas.

Alturas houve que Romeu teve receio de ver determinados tempos.

Depois deixou que todos eles ficassem para trás como que se lhes dizendo: Ei, não tenho nem vergonha do meu passado, nem vertigens nos passos que dei...

Nesse dia, Romeu, sorriu. Verificou que, apesar de ter à sua frente todas as "possibilidades do mundo" para concretizar a verificação de todas as suas desconfianças, não o fez.

Não foi porque era melhor, ou mais desprendido, ou sequer menos "afectivo" do que os restantes...

A sua falta de acção, "interesse!" devia-se a uma e apenas uma condição nova que tinha, recentemente, concluído: Se alguém está comigo é por uma de duas razões:

1- Ou porque quer;

2- Ou porque não encontrou melhor.

Romeu naquele momento de brilhante pensamento não quis ser melhor do que os outros ou, dirão outros, mais tolo mas, quis acreditar que desta ( e um pouco, das outras) vezes que amou, se as coisas não resultaram tal, deveu-se à primeira razão e... raras vezes, à segunda.

Voltou a sorrir... Olhou para os telemóveis, os tais de net-não-sei-quê, faces-não sei-que mais e toda a restante parafernália óbvia e disponível que podia consultar e pensou: Que cansaço! Vou dormir!

Não mais pensou nisso porque sabia que no fim de cada dia... no fim de cada "conta" se tivesse razão esta haveria de se revelar por si só.

Como tal... para quê perder tempo com o inevitável?????

Foi dormir e nunca o sono descansou sobre ele de forma tão sublime como naquela noite.

terça-feira, junho 22, 2010

Eureka...


O Romeu, depois de muito pensar e pouco despender de energias descobriu porque raio tem ciumes, porque chora, porque ama, porque se sente ofendido, porque...

Bom, porque, uma data de coisas... É que o Romeu sente. Pode não ser filho de boa gente mas, teve esse azar em particular. E outro em geral: fala do que sente!

Outros há, que são filhos de boa gente mas não sentem ou se sentem, infelizmente calam. Outros ainda, sentem são filhos de boa gente mas, só vêm o seu umbigo, por isso, só sentem o seu ciume, o seu choro, o seu amor... e tal...

O Romeu, vai pagar caro os seus erros... já os começou a pagar, aqui e ali...

Não deixa contudo, cair no esquecimento a seguinte pergunta: "E quando pagarão os outros pelos seus erros?"

O Romeu já se (re) sentiu mais. Hoje encolhe alegremente os ombros e segue em frente. Sim porque atrás, inevitavelmente, vem sempre gente... que normalmente, não interessa!

quinta-feira, junho 17, 2010

Faz tempo...


O Romeu em novo, descobriu que era rapaz relativamente inteligente e culto, nada de modelo da Armani mas com um "palminho de cara" interessante.

Não tinha perseguições de fãs é certo mas tinha efectivamente, as raparigas que sempre quis.

Hoje que está um pouco mais velho, o Romeu questiona-se: Mas então e de onde brotaram estes ciumes????

O Romeu, sabe que é ciumento, só não sabe é porquê e de que pedra saíram...

terça-feira, junho 15, 2010

A primeira...


A primeira vez que o Romeu se perdeu... de amores... tinha 15 anos.

Alguns dirão: muito cedo, rapaz despachado! Outros: eh lá, um bocadito atrasado! O Romeu, não se importa. Desabrochou quando achou que devia e a coisa até nem correu mal.

O seu nome era Rita e tinha um belo sorriso. O factor Rita (e não Julieta) podia ter sido determinante mas, não! O Romeu deixou-se encantar pelo o seu sorriso e podia passar horas a olhar para as mãos de Rita que achava simplesmente graciosas sempre que acompanhava uma palavra com um gesto.

No inicio as coisas correram bem: tinham muitas conversas para partilhar, muitos por-de-sol para "abraçar" naqueles fins de tarde luminosos e quentes que se faziam no Verão e, acima de tudo, passavam horas, literalmente, em festas prolongadas pela noite fora em que nem um beijo era trocado... não fazia mal, nenhum se incomodava com isso.

O Verão acabou mas, o namoro não. Escreviam longas cartas um ao outro como se nunca mais se fossem ver mas, quando regressados à cidade, percorriam longas distâncias para estarem nem que fosse apenas 30 minutos juntos.

Durante 8 meses foi assim... um idílico paraíso sem ponta de maldade ou contacto físico mais intimo.

Até ao dia em que a mãe de Romeu descobriu o namoro e a mãe de Rita a avisou dos "trabalhos" de um amor proibido.

O namoro acabou quase que de imediato. Só muitos anos mais tarde é que o Romeu, que ainda hoje é amigo do seu primeiro "amor", veio a descobrir que a razão para tal ruptura estava acente no medo que Rita sentiu após ter escutado a doutas palavras da sua mãe.

Na altura, não obstante, Romeu sofreu. Chorou e abandonou-se ao acaso e ao olhar perdido que manteria até hoje.

domingo, junho 13, 2010

Como se perdeu o Romeu!


Era uma vez um rapaz, simples, que se chamava Romeu!

Teve uma infância feliz, uma adolescência complicada e um inicio de vida adulta, assaz peculiar.

Romeu, durante toda a infância e adolescência procurara a sua Julieta... sempre que a encontrou, perdeu-a para outro ou, por vezes, tal era a sua sina, para outros.

Romeu, nunca perdeu a esperança e cada Julieta era vista como um amor - aliás, o Amor - renovado.

Chegou à idade adulta e com ela, o inevitável casamento... Romeu casou mas, nunca muito convencido... pois se o seu nome nem era Julieta, como poderia tal "contrato" dar certo? Romeu tinha razão! O contrato, como os tempos eram modernos, deu em divórcio... amigável mas, divorcio, não obstante.
Dessa união, ganhou apenas, duas coisas: juízo e uma casa, simples e modesta, ao seu molde e feitio!

O Romeu, não se ficou, olhava para o seu passado muitas vezes mas, acima de tudo exigia um futuro mais risonho, com uma Julieta, mas desta feita sério! nada de "aldrabices"! estava cansado e não estava mais novo...