sexta-feira, agosto 13, 2010

O verbo...


Amar é difícil. O Romeu sabe-o bem. Talvez por ser tão difícil, quando o amor acaba, ele nunca deixa de amar...

O cheiro do perfume do corpo da sua amante permanece por entre o seu corpo, na roupa depois de lavada, na cama há muito não partilhada... permanece.

O escutar de certas musicas, que mesmo no silêncio da noite teimam em tocar, depois de adormecer, quando começa a sonhar... permanecem.

O ver as mesmas imagens, mesmo de olhos fechados, já depois de não frequentar os mesmos sítios, mesmo quando já não vê sequer esses olhos... permanecem.

A sensação de toque de um corpo com quem já não partilha intimidade, ou toque ou carinho... permanece.

O gosto suave do beijo alegre, do roubado, do apaixonado, do louco, do traído, do mentido, do acre e do doce... permanece.

O Romeu, tentou, em vão, esquecer depressa quem não pode ser esquecido.

O Romeu, tentou em vão, esquecer que não era Romeu,
que era como outro qualquer pintor que não gosta da sua tela e a deita fora,
como outro qualquer compositor que não gosta da sua nova partitura e a rasga,
como outro qualquer perfumista que não conseguiu ainda o aroma que queria e desiste do perfume,
como outro qualquer escultor que erra o seu cinzel e parte a pedra mal colocando-a de lado...

como outro... qualquer... descobriu, rapidamente, que é como outro qualquer, tem é uma memoria fora do comum.

2 comentários:

Luas disse...

Eu que digo do cheiro que me deixo saudade do outro lado do mar está.

___Um Beijinho

Romeu disse...

Luana, julgo que, os sentidos são apenas a acção da saudade na prática, porque depois temos o pensamento que acaba por ser um complemento mais profundo ainda, dessa mesma saudade... É talvez no pensamento que residem os "sentimentos" mais complexos, porque, penso, deixamos de ter saudades apenas do que é sentido (o tal cheiro) para também termos saudades do que é abstrato... por exemplo, a leitura partilhada em silêncio de um poema...

Os primeiros, podem vir a desvanecer-se na tal espuma dos dias... os últimos, ficam connosco para sempre e, em última análise, são eles que "nos prendem" positivamente, a uma pessoa... mesmo quando a pessoa já não nos ama...

Fez sentido? Espero que sim.

Beijinho