
O Romeu, sempre foi um romântico.
Forjado em ferro antigo, com molde negativo original.
Entregava-se, literalmente de corpo e alma.
Pensava: Se estou com ela, estou todo, completo.
Tal nunca lhe valeu mais do que os já conhecidos "5 minutos de fama" de que Warhol tanto falou, com a maioria das mulheres com quem partilhou vida...
Valeram-lhe ainda, muitas dores de cabeça... e chatices, e insónia...
É que o Romeu, criou um hábito terrível mesmo quando o amor "terminava" para os outros: O Romeu tinha o péssimo hábito de continuar a amar.
Amava acima de tudo o passado vivido com aquela pessoa. Aliás, os momentos felizes. Quase que instantâneamente as discussões, a infelicidade de alguns momentos, as palavras duras, o desprezo... estavam obliterados de tal forma da sua existência interna, que sempre que recordava o outro, inevitavelmente como se de um rio se trata-se correndo para o seu mar, Romeu sorria e sentia o seu pequeno coração encher-se de alegria.
Tinha de requisitar os préstimos pragmáticos de alguns dos seus amigos por forma a que estes o lembrassem da realidade:
"Oh rapaz então e aquilo que ela te disse?" diziam uns.
"Oh homem mas porque raio gostas tu de quem não gosta já de ti?" diriam outros.
Com algum pesar mas, consciente da dureza dos outros corações que efectivamente o tinham deixado para trás como se de um velho vaso se tratasse, o Romeu, algo frequente, vertia uma lágrima ou outra e o seu coração ficava pequenino, cheio de pena de si próprio, repleto, agora, de incompreensão pelo sucedido.
Sabia que os amigos tinham razão.
Sabia também, que quando amava era uma pessoa muito melhor.
Romeu, estava em constante dicotomia interna.
Não abdicava de amar mas, nestes casos, como amar?
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