terça-feira, agosto 02, 2011

O estranho caso de Romeu Tear





Romeu acordou com um grito ensurdecedor e silencioso.


Não eram os saltos altos da vizinha, nem os berros inconsequentes dos putos da rua, não seria também, a discussão despautada de razão dos bêbados da taberna vizinha, nem a padeira no seu riso estridente sem razão.


Romeu acordou.


Não sabe porquê.

Não obstante, com tantas noites de insónia, Romeu achou que merecia um descanso de uma noite no meio de 365.


Não ocorreu desta forma.

Abriu os olhos, levemente. Apesar de tudo violentamente fechado, o mais singelo raio de luz fazia com os olhos da alma se ferissem de tal forma que todo ele se transformava na bela mas dramática 5ª sinfonia de Mahler.


Foi então que compreendeu que tinha hibernado...


Tinha então acordado de um sonho?


Ou teria sido um pesadelo?