terça-feira, agosto 02, 2011

O estranho caso de Romeu Tear





Romeu acordou com um grito ensurdecedor e silencioso.


Não eram os saltos altos da vizinha, nem os berros inconsequentes dos putos da rua, não seria também, a discussão despautada de razão dos bêbados da taberna vizinha, nem a padeira no seu riso estridente sem razão.


Romeu acordou.


Não sabe porquê.

Não obstante, com tantas noites de insónia, Romeu achou que merecia um descanso de uma noite no meio de 365.


Não ocorreu desta forma.

Abriu os olhos, levemente. Apesar de tudo violentamente fechado, o mais singelo raio de luz fazia com os olhos da alma se ferissem de tal forma que todo ele se transformava na bela mas dramática 5ª sinfonia de Mahler.


Foi então que compreendeu que tinha hibernado...


Tinha então acordado de um sonho?


Ou teria sido um pesadelo?

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Ai as dores de cabeça...


Romeu deu por si a ruminar uma ideia incessantemente: e se eu fosse mais eu e menos tu???

A ideia, primeiro era só um pensamento que lhe ocorria, depois foi ganhando vida e começou a ocupar-lhe os dias, mesmo os de intenso frenesim, por fim, obliterou-lhe, quase por completo, o sono...

Romeu já nem era Romeu, era "uma espécie de magazine" de Romeu...

Já não lia como outrora,
Já não ouvia musica de qualidade como noutros tempos,
Já nem sequer, debatia assuntos de interesse nacional como no passado.

Romeu, que queria ser mais ele do que o outro, estava tão obcecado com essa ideia que, deixou mesmo, de ser ele próprio, de viver a vida e de extinguir em cada abraço...

Numa das suas viagens deu por si, a olhar para os outros mas, a verificar que os outros não o olhavam...

Romeu, na ânsia de ser ROMEU, tinha deixado de existir.

Era já só uma ideia...

Quase moribunda...