quinta-feira, setembro 02, 2010

O Romantismo I - Conversas que podiam ter sido.


O Romeu é um romântico... Não é ele que o diz, disseram -lhe agora mesmo: "Eh pá tu és mesmo um romântico!".

O Romeu ouviu aquela frase e ficou cheio de orgulho e felicidade. O problema foi que o seu amigo continuou a pequena dissertação acerca do tema.

O Romeu, é um romântico à moda antiga... logo aí, o Romeu franziu o sobrolho com receio do que se adivinhava nas palavras. "É. Tens uma noção de romantismo barroca... ou bacoca... quer dizer, ainda não decidi."

Em silêncio o Romeu começou a ficar preocupado e já não sabia se queria ouvir o resto.

"Repara: se para mim ser-se romântico tem a ver com as demonstrações mais impossíveis de dor... Tu és, certamente mestre!"

O Romeu ficou baralhado, e sinceramente, não entendeu se estariam a tercer-lhe um rasgado elogio ou, se pelo contrário, o estivessem a apelidar de masoquista... o diálogo começou:

- Dou-te um exemplo: se a tua Julieta de traísse, tu perdoavas?

- Hum... se me tivesses perguntado isso há 6 anos atrás, teria dito não! Agora, vivenciada a situação... Sim! Já perdoei.

- Mas entretanto não houve ninguém, por vingança...

- Não. Houve, mais tarde, depois disso, sem ser por vingança e numa ruptura... A situação por vingança não acaba por nos fazer mais mal que bem?

- Eh pá, isso não interessa para o assunto.

- Certo. Então não!

- Ora então és maluco!

- Então já não sou romântico?!

- Não, és só mesmo maluco!

- Então não devia perdoar?!

- Vá que perdoes. Vá que esqueças. Vá... mas não fazeres o mesmo?????

- Quando começamos a relação já sabia ao que ia... No continuar claro que não esperava esta situação e fiquei magoado mas, a dada altura colocamos a pergunta: então mas, amarei esta pessoa o suficiente para perdoar e acreditar que não o fará de novo, ou não?

- Então?

- E a resposta foi sim. Amava, aceitei, perdoei e, acreditei que não voltaria mesmo, a repetir a situação.

- Tu, para além de todos os problemas inerentes à pessoa e à relação que nessa altura, já tinha sido, de alguma forma, corrompida, ainda acreditaste nisso...

- Sim. Acreditei acima de tudo, que quando amamos, não podemos escolher amar só o que é bom... temos de amar o que é defeito. Eu tenho defeitos, alguns mudo, outros tento mudar mas, muitos, possivelmente, nunca vou mudar. A única vantagem, é que quando a pessoa me conhece esses defeitos já estam lá para os verem. Não consigo escondê-los, pelo menos não por muito tempo... Há pessoas que o escondem bem.

- Ou tu não os queres ver!

- Ou isso.

- Ou isso?

- Ou isso!

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