segunda-feira, setembro 20, 2010

Mental


A prática profissonal de Romeu tem a ver com a doença e a deficiência mentais. Para manter os palacetes de família teve de ser... A esgrima já não era também, entretém suficiente...

Há algo de interessante na doença mental: a forma como surge, a sua causalidade, a alteração comportamental, a localização cerebral,o grau de gravidade, se apenas sofre de uma ou mais doenças mentais... ... ... por fim, o mais interessante: como se cura uma doença mental?

É na cura que se centra a maior dificuldade deste tipo de doenças. É na cura que muitos de profissão igual perdem a esperança. É na cura que se perdem muitos utentes. Mas é também na cura que reside a maior fonte de "preenchimento profissional".

O Romeu escolheu esta área por mero acaso mas, manteve-a por opção. Achou, bem depois de terminada a formação que era uma área de constante estudo e isso, deixa-o em puro êxtase. Saber que nunca sabe nada e que para saber alguma coisa terá sempre de ler e ler e ler ainda mais é uma tarefa tão sublime como se todos os dias fossem dias mesmo novos. Sem repetição. Sem inércia. Sem enfado.

Durante anos foi feliz na sua profissão que, diga-se desempenhava com a mesma felicidade e frescura como se de um garoto se tratasse ao ver, pela primeira vez ,o mar. As situações mais inusitadas acabavam por fazer com esboça-se um sorriso a cada passo dado com um seu utente. É que sabem não era no fundo, um passo do utente, era um passo do utente com Romeu e isso, dava-lhe a sensação de dever cumprido todos mas mesmo todos os dias.

Romeu portanto, já foi bom, em alguma coisa. Já foi uma pessoa. Uma pessoa que acreditava num futuro melhor. Um futuro bom.

Agora essa tarefa de acreditar torna-se, a cada dia, um esforço mais brutal e complicado e inglório e enfadonho e triste e infeliz e cansativo e... e... e...

6 comentários:

Luas disse...

Muito bom querida..
Um beijinho..;p

Maristeanne disse...

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um texto que evoca com tal força que é impossível precisar quando tu falas por senhas e quando te responde nossa alma cega removendo sua obscura acéquia.
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Mas o importante é reagir ante o impossível.


(a)braços,flores,girassóis..(::)

uminuto disse...

tal como o Romeu todos temos picos de (des)interesse na nossa vida.
Agora quanto à loucura, como curá-la? Mas, acima de tudo como estabelecer onde termina a sanidade e começa a loucura?
um beijo

ah já me esquecia: "Laranja Mecânica" um excelente livro, um óptimo filme

Romeu disse...

Lu, obrigada!

Beijo querida.

Romeu disse...

lampejos, tenho em mim todos os sonhos do mundo mas também, todas as questões e por vezes, as perguntas são respostas que procuram outras perguntas e que dão outras respostas... complexo... como sempre...

Beijo

Romeu disse...

Minuto,

A única coisa que aprendi -se é que posso ter tal ousadia- foi que não limite para a tal sanidade ou para a loucura da mesma forma que não linha, pelo menos visivel, para as conseguirmos "dividir2 com sucesso.

Contudo, acredito sinceramente que a permanência da dor, da inércia e da cristalização espiritual nas nossas vidas é, uma loucura.

A existência desses sentimentos em nós, na nossa vida não deviam ter espaço quanto mais, permanecerem nela.

Beijo