quarta-feira, setembro 01, 2010

Fotografia, Musica e Leitura...


É conhecido que Romeu sempre gostou de musica e leitura...
Procura incesantemente as novidades musicais que podem ir desde a clássica à musica alternativa e nos livros, desde os clássicos aos novos autores...

Romeu, no que diz respeito à cultura, não é esquisito... Pode depois é gostar mais de um tipo de leitura do que outro, de um forma mais harmoniosa musical do que de outra.
Descobriu, contudo, há relativamente pouco tempo o prazer da fotografia.

Durante anos surrupiava discretamente a máquina de rolo Leica da sua prima e, quando chegou a independência financeira a sua Ixus tornou-se a sua companheira de viagem, trocou-a por uma Fugifilm que ainda está a descobrir e percorre agora kilometros para conseguir aquele por-do-sol com que tinha sonhado na noite passada, a tal claridade solar no palácio onde há dois anos tinha estado... ... ...

Ontem, depois de findados os "deveres", partiu para mais um encontro consigo e com as imagens... Chegou a casa cansado e feliz com mais uma viagem nocturna em busca do "el dorado" fotográfico... Tomou o seu banho e olhou maravilhado para as tropelias da sua máquina. Consolou a sua máquina velhinha, tolamente falando-lhe de que "não a tinha abandonado, apenas tinha arranjado uma companhia para si" e, como o ambiente assim o pedia desencantou um dos cd´s do seu avô e deixou que o som bem alto dos seus auscultadores penetrassem vivamente nos seus ouvidos...

Tocava o concerto nº 1 de Brandenburg de Bach quando lhe apeteceu ler... Romeu, espera ávidamente por "Uma ideia na India" mas, como só chega na quinta, olhou para a biblioteca e lembrou o quanto gostava de Rilke, o quanto prazer teria em voltar a ler algumas das "Cartas..."... abriu o livro sem pensar...

Na parte que sublinhou faz tantos anos, estava escrito o seguinte: "(...) Não é somente a inércia a culpada pela repetição dos relacionamentos humanos, caso a caso, indescritivelmente, de forma monótona e sem renovação. É a timidez diante de novas e imprevisíveis experiências para as quais acreditamos não estar preparados. Mas somente alguém que está preparado para TUDO, que não exclui NADA, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo. (...)".

Releu aquele paragrafo umas duas ou três vezes, cada palavra, com Bach como sinfonia de fundo fazia com que se emociona-se... Verteu uma lágrima de alegria no preciso momento que começou o segundo Allegro... Pensou: Que bom não excluir nada... nem dores, nem idades, nem vícios, nem qualidades, nem doenças, nem mentalidades, nem crenças, nem banalidades... nem... nem...

Os dias são bons, quando chegamos ao fim de cada um e mais parece que ele recomeça ao invés de terminar...

4 comentários:

Anónimo disse...

O Romeu está muito culto. E de gostos diversificados. E de nem´s.

C.

Maristeanne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Romeu disse...

Anónimo... C.

Não creio que esteja particularmente mais culto, eventualmente mais pacificado com as ocorrências da vida... naquele dia, por acaso ouvi musica clássica mas, ainda ontem ouvi Black Box Recorder que, já não tem o mesmo registo.

Quanto aos gostos, começo a pensar que não nos conhecemos efectivamente, porque esses sempre foram diversificados, por vezes, inclusivé, acaba por ser um contra.

Quanto ao nem... Nem pensar que sou sempre assim... Há dias e depois noites, e tardes, e fins de dia, e principios de manhã e... e...

R.

Romeu disse...

Lampejos,

Não nos conhecemos e um Oceano imenso separa-nos fisicamente mas, que bom, pelo menos nas palvras e nos ideias encontrar alguém que não exclui nada, independentemente, daquilo que já passou na vida e, no que ainda poderá vir a passar...

Noto, com o passar dos anos que me é cada vez mais dificil "arreliar-me" com o que os outros pensam mas, ao mesmo tempo, e quase que em sentido contraditorio, que também me magoa mais a incapacidade que os outros têm de se auto-desculpar e, no mesmo movimento "apontar" os defeitos do outro...

Se a nossa vida não fosse de exclusão, se fosse de integração, de diferença, creio, sinceramente, que seriamos mais felizes...

Leio (e infelizmente estou quase no fim) o "Renascer" de Sontag e se soubesse, o quanto gostava que esse Recomeço fosse já ontem... E se imagina-se o que já "produz" esse Recomeço interno...

Há apenas um receeio dentro da alma deste Romeu... é que, findado todo o processo, ele se torne desencantado com as pessoas, mais cinico, menos romântico e, acima de tudo, menos utopico... Esse Romeu, o Romeu não gostaria de perder mas... ... ...

Um beijo veneziano (que Veneza está belissima) deste seu Romeu.